O autor Gabriel Elias Josende (OLYMPUZ) falou à redação sobre “Espectro”, seu quinto livro (e o quarto) de poemas. Entre as coisas que nos deixavam mais intrigados era o porquê do nome. Por que “Espectro”, afinal, perguntou nosso entrevistador:
O livro inteiro trabalha com o espectro de cores. Cada poema leva o nome de uma cor. Espectro também remete a fantasma, e fantasmas do passado são algo que o livro aborda muito. Além disso, “Espectro LGBTQIAPN+” é uma outra forma de se referir às diversas manifestações de gênero e sexualidade que ocorrem.
Seguindo, quisemos saber o que diferencia sua quinta obra das quatro primeiras.
Gabriel disse:
Espectro é um livro mais adulto. Bem mais adulto. Mais existencialista, mais profundo e, também, com mais alusões sexuais. É um passo adiante e um amadurecimento da escrita e do eu-lírico.
Quando questionado sobre a temática, especialmente em relação à mitologia grega e ao universo, que foram muito abordadas em Nas asas de Ícaro, OLYMPUZ disse que manteria, mas mais suavizada:
As entidades gregas e o Cosmos ainda são mencionadas, mas não são o foco do livro. O foco aqui são as cores e as diversas sensações que elas proporcionam, especialmente em relação aos sentidos.
Pedimos, então, para que o poeta explicasse melhor sobre essas experiências sensoriais:
Espectro brinca com sentidos, especialmente o visual, fazendo com que o leitor imagine e crie cenas em sua mente. Além disso, há poemas inspirados no Concretismo, o que torna tudo ainda mais palpável.
E, ao perguntarmos sobre o que ele mais gostava em Espectro, ele nos deu uma resposta inesperada:
É a primeira vez que vou publicar um livro bilíngue. Essa é a surpresa que eu estava guardando, e que agora, vocês sabem. Dentro de Espectro, há, também, poemas em inglês.
Quantos poemas terá o livro?
O livro terá 40 poemas, em um único capítulo. Terá formato impresso e e-book. Terá entre 60 a 70 páginas no máximo após diagramado.
O que, nesse livro, se repete em relação aos anteriores?
O amor que descobri em “Nas asas de Ícaro” é retrabalhado em Espectro. Eu novamente vivo esse sentimento, acompanhado da desilusão. Outras temáticas que apareceram no meu segundo livro também se reproduzem nesse, como em relação a amizades (em poemas como Bordô e Salmão), à fé (em poemas como Azul e Vinho), ansiedade, bullying e síndrome do pânico (em poemas como Lima e Magenta), etc. Além disso, o mesmo nome que apareceu escondido nas entrelinhas de “Nas asas de Ícaro” e em “Feriu demais partir” aparece escondido em Espectro também, e eu também trouxe de volta outros nomes que dei a essa pessoa que me inspira, como “Querubim”.
Qual a temática central do livro?
O amor. Sem dúvidas, o amor. E o amor homoafetivo. Tem um trecho na carta ao leitor em que brinco: “Confesso que a víscera que mais aparece em Espectro é a do coração”. E é verdade. Espectro é um livro em que isso fica ainda mais evidente.
Você comentou sobre alguns poemas serem mais adultos. Em que medida isso se dá?
Isso e dá no sentido figurado, especialmente em um poema chamado “Cobre”. Os leitores que alcançarem a interpretação irão se surpreender. Contudo, há outras menções ao sexo, como em “Bronze” e outras entrelinhas mais.
Alguma outra novidade que você queira dar um spoiler?
Haverá uma surpresa na contracapa. Essa não vou contar ainda, mas alguns amigos próximos já sabem. Vou deixar para mais perto do lançamento!
E por falar em lançamento, quanto tempo para lançar?
Mais alguns meses. O livro está atualmente em processo de diagramação pela editora Viseu e, após isso, segue para a impressão. Estou na expectativa também!
Finalmente, para encerrarmos, pedimos ao escritor que selecionasse um poema da obra para deixar um gostinho de quero mais.
Azul-celeste (OLYMPUZ)
Já faz tempo que este céu
só me dá sua face oeste.
Tu me deixaste…
(e não vi mais o azul-celeste).
E eu existo nessa sina
de viver nessa penumbra,
em que a solidão vislumbra
prazer na lua albina.
Nada mais me anima.
Já me faltam mesmo as rimas.
Já me falta tua luz,
já me falta teu calor.
Sigo vendo o sol se pôr,
engolindo este celeste
e o que quer que reste
daquele nosso amor.
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